Viajantes de passagem, visitantes com estada prolongada, eram estudados como personagens de revistas, na rapidez do interesse do momento. Havia o maior cochicho em torno das figuras, e me lembro bem da época dos estudantes americanos que começaram a chegar em programas de intercâmbio cultural. Era uma festa. Traziam o gosto por sanduíches, batatas fritas e o jeito americano de dançar quadrilha, tênis com meias soquete, máquina fotográfica pendurada no pescoço e aquela cara deslumbrada de turista.
Achava incrível observar as diferenças, assistia a filmes e delirava com os atores e atrizes de Hollywood, mas pertinho assim, os olhos azuis, azuis, os cabelos escovinha dos rapazes, as moças branquelas e até bonitas. Além da curiosidade, existia o bom tratamento do povo de Tatuí.
Era importante ser gentil com os visitantes estrangeiros. O jeito de receber bem era a nossa oferta de atenção e carinho, o espírito da acolhida os tornava irmãos. Irmãos de uma cidade inteira. O assunto na escola era falar dos estudantes de fora, os corações suspiravam quando eles dançavam rock. As meninas de saia godê ou pregueada, calças compridas justinhas, suéter colado no corpo. Os meninos de calças de brim caqui e gumex no cabelo.
Assim, o Bill foi hóspede na casa do Neves, e, no dia de sua partida, entreguei como souvenir a ele parte da minha coleção de garrafas em miniaturas. As festas aconteciam, e um dia, na casa de Simeãozinho Sobral, fiquei hipnotizada com a dança de uma americana de cabelos curtinhos e óculos gatinho. Virgínia, que se hospedou na casa de Clara, Fernando e Ângela Gagliardo, foi miss Tatuí. Um sonho vê-la desfilando em um carro alegórico no dia do aniversário da cidade. Pamela, hóspede da família Holtz, sempre visita o Brasil e Tatuí, e desta vez tive o prazer de a receber em casa, juntamente com seu marido e Regina Holtz.