Tatuí Cidade Ternura

-Que cidade é esta que chamamos carinhosamente de ternura? A ressonância real da cidade de Tatuí através da viva voz de seu povo.Um espaço de influências e formação,um centro de referências e valores.Um arquivo disponível à pesquisa e estudo

terça-feira, 5 de junho de 2012

Tatuí,minhas raízes







Período Sabático
Quarta carta-

Plantação de laranjas,estrada bonita de Sorocaba à Tatuí.Àreas cultivadas,bois pastando.Torrões de terra vermelha,capões de mato.
Rosas cor de rosa de Santa Therezinha,aquelas de pétalas firmes de textura de seda,observo no jardinzinho de uma casa.Coisa mais linda,casas com jardinzinho,varanda e xaxins de fartas samambaias de regas diárias.Grades baixas como se ladrões não existissem e o tempo passasse só de mentirinha..
Viajo de ônibus, esta estrada é meu caminho da roça e agradeço por estar melhor, sem buracos e com bom acostamento. No ipod ouço Donna Summer,Last Dance,coincide com sua partida desta vida, lhe presto adeus,memória de festas,de dança e muita liberdade para soltar a mulher feliz que me habitava e precisava viver,que tinha urgência em ousar  figurino.Como  adorava a produção da noite!Em Tatuí tudo acontecia, a gente tinha tempo para tecer desejos e não dormir por segredinhos deliciosos de coisas que ninguém podia saber e que todo mundo sabia porque em Tatuí sempre foi assim:Todo mundo sabia e fingia que não sabia.
E as noites loucas se faziam no Tro-lo-ló , era ES-FU-SI-AN-TE,uma referência que revelava o animo e a disposição para a festa,o chique,o enredo na madrugada.Noites emocionantes comandadas por Rizek.Gostoso de lembrar.
O povo bonito se arrumava no Luís Duarte,lá acontecia  de tudo,a festa antes da festa.Beleza era um estado de ser e era fundamental.Eu vendia roupas trazidas de Minas Gerais , São Paulo e de viagens ao exterior.Existia exclusivo,singular,personalíssimo,cada peça de roupa trazia em si uma história de um lugar ,de um tecido,uma assinatura e ai nós Rolando Soares,e depois Silvia Franco pensávamos o que vestiria quem.Os clientes tinham conta que eram registradas em um caderno preto e acertadas por mês ,religiosamente.Se pensava em dinheiro,mas por último,em primeiro lugar estava a vontade de agradar e de vestir bem.Mas não era só um Salão de Beleza e uma Boutique,era um ponto de encontro,um espaço que referenciava moda cultura,estilo,tendências,modernidade.Era ali que se juntavam as pessoas mais interessantes,qualquer que fosse a expressão que os revelasse..
O processo para se ter estilo é longo e apurado penso que é assim,as pessoas hoje,escravas da pressa acontecem rápido ,tem atitudes mas não estilo.Minhas referências são mais raras e emocionantes.Tempo para mim significa ouro,calma,muita calma.Dinheiro que seja para garantir uma existência tranquila pois sei quanto custa um bom plano de saúde,um carro que não tenho custa mais que eu ,a manutenção de uma casa como deve ser come os ossos,depender ou se deixar sugar pelos outros produz câncer assim como relações tóxicas envelhecem e desvitalizam.
Sei que viver é caro.
Este é o dilema.
Esta é a crise do mundo moderno.
Somos determinados pelo tamanho da conta corrente.
Chego a Tatuí. 1H de estrada.Rodoviária feia.Taxi R$15,00 ,sem taxímetro.
-E me pergunto:- Onde foram parar as ideias inteligentes?-As pessoas não conseguem nem mais completar um pensamento.
Até em casa é um pulinho.
Placa de Vendo. Placa de Alugo.
Na verdade especulo.Busco negócios ,foco e direção.Quero entender o comércio da cidade.
Preciso entender os meus números,com que realidade eu posso contar para seguir em frente.
Desço a bagagem,meus livros,a rua movimentada a esta hora do dia.
A casa,a minha casa é linda.Abro as janelas,destaque para o verde que Eliana tratou de cuidar enquanto eu viajava e agora me recebe exuberante a despeito da camada de pó que envolve tudo.A luminosidade da tarde é cálida e gostosa.A casa é solar,saudável,arejada.Gosto de ir mas gosto muito de voltar.Gosto deste lugar agora vazio de mim.Pé direito alto,os pensamentos voam,largo-me sobre o sofá,conduzo a mente ao descanso.
Secretária eletrônica desligada,cansou,esta muda,se sentiu aborrecida com os telefonemas de telemarketing descarados.Sinto falta de conversar ao vivo com amigos de verdade,com gente de carne e osso.Quero abraços,festa  de sinceridade.
-Será que o afeto foi abreviado?
Morar no centro é uma delícia ,estou a bons passos da  Padaria X V e é para lá que vou.No caminho,em frente ao Hotel Del Fiol encontro com Ana Fogaça que abraço bom! Que saudade!Enroscamos para contar de filhos e netos,quer coisa melhor?-acertar com amiga sabores e dissabores para encontrar o ponto da receita?
Com Cássia Guidon curto um café num tom nunca superficial ,virginianas que somos.Falo com ela que vivo um momento de experimentar a vida ,de me permitir fazer o que quero para ver onde vai dar.A palavra é saborear,experimentar.Nos despedimos assim.
E no banco da Praça ,em frente a Igreja da Matriz tiro um dedo de prosa com Rivaldo Nogueira que me conta de seu último trabalho.Ele esta feliz.Fico feliz por ele.Adoro trocar figurinhas com Rivaldo ele sabe muito de teatro,literatura,arte,é critico,e olho para ele e o vejo bem ,com semblante jovial.Seu tempo é outro.Tem um moço que faz cinema,e que quero conhecer e assim Tatuí vai ficando em mim.
Filmes e arte ,só em Tatuí,perto de casa,volto com três filmes incríveis.Adorei Paris à meia noite do Wood Allen.Depois o dia seguinte,Café Canção ,jornal Estadão e claro que Caderno 2 Lilian,Isaura,Cecília e filha,José Erasmo e o convite para ir vê-lo tocar e as bandas de Jazz,MPB,Bossa e Rock no show da Amart ,manhã de outono,azul.
Laila Assef,minha amiga de Trancoso chega em Tatuí  pela primeira vez,cheia de saudade,sorriso lindo e histórias prá contar.Laila é artista e se prepara para uma exposição em São Paulo .Irei escrever  um texto   de apresentação de seu trabalho, e um roteiro para um clipe.De repente  quero tudo ao mesmo tempo falar,ouvir,conversar, mostrar a cidade,apresentar os amigos . A convite de Lisa almoçamos no  Ópera Mix  ,a casa cheia,sucesso de verdade.Fico feliz ,são cinco anos  de conquista e crescimento,me lembro como se fosse hoje do dia em que fui convidada para assinar o conceito e a decoração do lugar. Gláucio apostou na cidade e deu certo .O Ópera apresenta uma excelente cozinha,afinado serviço e clientela fiel.Laila ,que foi dona do badalado bistrô Adipe em Trancoso adorou o  espaço e o cardápio .Depois passeamos pela cidade e fomos até o Condominio Bosques do Junqueira .
Para entrar no clima da hospitalidade e do humor tatuiano ,uma das principais qualidades do povo daqui tem que se passar pelo salão do Luiz Duarte.Passamos a  tarde  aos cuidados do Luiz fazendo a produção para a noite.A sala de maquiagem ao mesmo tempo clássica e de vanguarda  oferece relax e inspiração ,o que Luiz executa é arte.Ensina truques,comenta sobre melhores marcas e o que há de novo no mercado de cosméticos.Sua maquiagem é perfeita. Cafezinho servido pela Karine a todo o momento,flores frescas,música da melhor qualidade.Vinícius modela as madeixas.
Encontro com Maria José ,apressada em seus deveres de primeira dama.A noite haverá o casamento comunitário de 48 casais.Gosto muito de Maria José,admiro seu trabalho fortemente focado na solidariedade social.
 A festa da AMART foi um sucesso.Revi amigos ,a cada um uma história.Beto Porva,notícias de Tânia Leite,Zé Erasmo e Banda que animaram a festa,depois Pedro ,doce e sedutor  de quem eu estava morrendo de saudade ,e  Banda  deram um show de ginga com sambinhas  gostosinhos,bossa nova,e uma música de sua autoria Cisne Negro ,Guido sempre arrasa e é esperado,Daí teve Rock com banda forte- Raquel  Fayad  e Davidson em mais um perfil multi com a banda Caixa Mágica.Veridiana Petinelli e Mingo fazendo as honras da casa.Estava tudo ótimo.Exposição de arte,Carmelina,Marli Fronza,Choupana bar é casa de artistas.
Tudo muito divertido,o café na Padaria  XV e mais tarde a deliciosa lasanha na casa de Marilda Serrão,revi Deise e Denise,como a gente se gosta.Tatuí  tem um DNA grifado que contagia quem passa por aqui e conhece estes lugares e estas pessoas  e leva a voltar e a voltar e a voltar sempre.Tatuí  ,minhas raízes.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Brasil é gesto

 BRASIL É GESTO


Sou tão Brasil nesta semente que a terra guarda  dentro de mim
da vida,a força da minha gente
suas vozes que saem das casas,dos prédios e apartamentos
das casas sem teto,das casas de chão.
 temos mãos que agasalham em espírito  solidário
seguimos fazendo planos,sonhando com a casa nossa,
                        pagando imposto,pedágio,parcelas de prestação


O meu povo caminha dando duro na lavoura
trabalhando na indústria e no comércio
          enfrentando a jornada com suor e bom humor

E o que se espera ?
é o médico para o doente
serviços eficientes
Pátria é zelo pela saúde,acolhida aos idosos
remédios sem custo algum

Somos uma nação de terras em que a vista se estende longe
 se desdobra em verdes, em ricos rios, florestas vivas
              pássaros, onças do cerrado e Pantanal
                         rios de águas mansas,
      cachoeiras que se lançam sobre solo de cristal


 

                                   



         Somos uma nação de palavras que se dizem
no acento forte de Leste a Oeste e de Norte a Sul
     temos sotaques distintos e um jeito peculiar de dar um jeito
                 quando tudo parece desfeito
brasileiro  por natureza é um povo  simpático e hospitaleiro

 
Acredito neste Brasil
e no prenúncio de um futuro promissor

O que nos é caro e predileto:-
   é o respeito a vida
   a infância protegida
   o real valor da educação,
   escolas em todos os espaços
  professores respeitados,
  jovens preparados para assumir
 um lugar neste momento de desenvolvimento acelerado


Pátria é pai e mãe,
família
o pão nosso de cada dia
o trabalho de um por todos e de todos por um
é memória,cultura,cuidados
com o patrimônio público
com o lixo reciclado

Pátria é um sentir de alegria
o gol do Neymar,dos Ronaldos
o Grito ondulante das torcidas do Brasil em instinto de euforia
Pátria do Carnaval
de Parintins e Trio elétrico
Brasil que diz welcome,bem-vindos as Olimpíadas


Pátria nossa,Brasil é festa

Bandeira em cores  verde,amarelo,branco e anil
onde se adivinham cantigas e ritmos
um acorde alegre
tudo é Jobim
Caetano e Chico
nossa riqueza em prosa e verso
nossa liberdade em língua portuguesa


Nesta terra abençoada convivem rabinos, pastores, padres,bispos,
         fiéis de todos os credos pessoas de todas as cores
Somos uma mistura de raças
      e fé  que a esperança estende
Juntos comungamos a hóstia da vida
      A árvore verde que reza
     A pomba branca da paz


Meu País.Meu País é rico.
Sou brasileira desta terra afortunada.
O meu Brasil, já caminhei por ele longos trechos.
Já estiquei lugares em moradia.Já fui São Paulo,Minas Gerais,Goiás,Bahia.
O meu povo é feliz contudo é triste porque lhe roubam nas noites      
                                     a alegria dos dias



Pátria minha,amada, mãe gentil
 espoliada pela corrupção descarada
de filhos de cepa ruim
onde a cara de hoje já será a de outro amanhã.
onde o vício e a violência acontecem
e o jogo de empurra emperra  prevalece
este é o outro Brasil
O escuro,as trevas onde deveria ser Alvorada.
.

Brasil.
Quero vivê-lo em Ordem e Progresso

Brasil é gesto
.É o que me colhe e me enche de tamanho de raízes em terras e traço de destino.
São minhas serras,meus mares doces e quentes
meus rios e poentes
os divinos horizontes
brotados em sol do meu ventre
Brasil
minha gravidez de raça
meu parto de memórias
minha estância de história
meu estado de graça 


terça-feira, 31 de maio de 2011

Cristina Siqueira entrevista Talita de Oliveira Diniz Moura



Talita de Oliveira Diniz Moura, de família tatuiana, filha de Ivan Diniz de Moura e Izildinha de Oliveira Moura, irmã do Samuel, de 20 anos.

Formada na Etec “Salles Gomes”, de Tatuí, em mecatrônica. Na sequência, especializou-se em informática, dedicando-se a cursos referentes à área.

Em 2005, dedicou-se ao ensino de informática, sendo voluntária na Casa de Ações Sociais da Unimed. Depois, profissionalizou-se e passou a lecionar em escola de informática.

Hoje, voltou a estudar, e faz química na Etec “Salles”. Ao mesmo tempo, é “personal computer”, atendendo com didática própria a alunos em suas próprias casas.


Como formada e novamente estudante da Etec, qual é a sua visão do curso e da situação dos professores?

Gosto da Etec, tanto que aí fiz minha primeira formação e, agora, faço a segunda. Sendo moradora de Tatuí, é muito bom podermos estudar aqui.

Sinto prazer em frequentar esta escola que oferece bom ambiente, funcionários e professores que conduzem com dedicação os estudos. Os cursos são valorizados, têm nome. É uma escola de tradição.


Existe campo de trabalho na região?

Sim, principalmente na área de química. E nos demais cursos, acredito que também, pois os cursos são abertos de acordo com a demanda do mercado.


Como você sente a situação dos professores hoje em greve?

Na verdade, eu sinto uma tristeza porque nossos professores gostam do que fazem, trabalham com amor. Este movimento é justo, pois existe empenho em ensinar. O professor não é apenas um número. Tenho professores que acumulam jornada de trabalho, residem em outra cidade e ainda dedicam-se a tese e mestrado.

A propaganda da estrutura da escola é amplamente divulgada, principalmente como alavanca política. Porém, uma escola está além das paredes, e o professor deve ser tratado com respeito à sua dignidade, e bem pago pelo serviço prestado.

A situação não está focada em pontos isolados, o que ocorre é um descaso ao professor de Norte a Sul do país.

Existe uma inversão de valores: um país que ocupa no mundo o 8o lugar em futebol e o 87º em educação.


E material?

Em química, fazemos experiências e prática de laboratório, e chega a faltar materiais, até os mais simples, como uma caixinha de maizena. Os professores acodem estas faltas com dinheiro do próprio bolso.


Como é a sua rotina diária?

Na verdade, meu dia começa às 7h; fico no “Salles Gomes” até 11h15. Em casa, no horário de almoço, eu contribuo com a família, assistindo à minha avó Hermínia. Temos uma pequena fábrica de sorvetes artesanais e nos revezamos para gerir o negócio. Então, quando não estou cuidando de minha avó, estou trabalhando com sorvetes.

Nas tardes, eu dou de duas a três aulas de computação na casa de alunos.

Durante a semana, em quatro noites, sábado e domingo, cumpro responsabilidade na igreja que frequento.


Como é a sua religiosidade?

Sou de uma família evangélica da Igreja Universal do Reino de Deus. Eu procuro trazer Deus para todas as coisas da minha vida. Primeiro Deus, depois a Obra de Deus e, daí, a família.

Eu vejo a igreja como um hospital, e nós estamos ali para ajudar as pessoas de todas as formas. Para mim, a responsabilidade é de levar as pessoas até Jesus. Na minha vida, o meu alicerce é baseado na minha fé e na comunhão que eu tenho com Deus.

Sou um instrumento na mão de Deus, obedeço a Deus, minha condição é a de servo. Eu não escolho, escuto a voz de Deus falando dentro de mim.

Na verdade, o que faço é o mínimo se observarmos a vida de Jesus.

Paralelo à minha atuação na igreja, eu me dedico à Escolinha Bíblica Infantil. Este trabalho é de formação espiritual, onde se ensinam orações, histórias bíblicas. As crianças aprendem a agir a fé.

O meu trabalho na obra de Deus e dos demais evangélicos da Igreja Universal é voluntário. Trabalhamos por amor, por acreditar.

Tem uma frase: “Quem pensa no próximo, pensa como Deus”.

E o futuro?

Eu idealizo como vou estar daqui a cinco anos, por exemplo. Existe uma perspectiva, mas eu vivo o hoje e, para o futuro, confio em Deus. O mundo está tão louco, é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, que é só confiando o futuro nas mãos de Deus.


E ser jovem?

Te proporciona muitas coisas. Os jovens têm dificuldade de lidar com os próprios problemas, eles se deixam levar pela ilusão do mundo e enveredam por caminhos tortuosos.

Eu não sigo a onda que leva o pessoal, mas os jovens se organizam por interesses comuns, alguns se reúnem para beber, e por aí vai. Ser jovem, hoje e sempre, é fazer a cabeça com escolhas acertadas ou não. Eu me norteio por Deus, e sou jovem e feliz, embora, claro, os problemas existem.


:-: Jogo Rápido :-:

Delete - O que eu escuto e que não vai acrescentar nada à minha vida.

Pause - Não dá para enquadrar agora.

Caps lock – Deus - colocaria em caps lock para que todo mundo acordasse.

F5 - Para atualizar as coisas boas no mundo.


Uma mensagem

“Tudo que não é eterno, é eternamente inútil.”

C. S. Lewis


:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:

Oi, Tally

Em minhas orações, sempre peço a Deus e aos anjos que enviem bons aliados para compartilhar a vida comigo. Tenho sorte em tê-la como amiga.

Admiro seu propósito de servir à Obra de Deus, seu interesse em “reinventar” o mundo, sua preocupação com a escola, os professores, sua dedicação à família.

Tally, você vale à pena e faz a diferença neste mundo em que se precisa de Deus.

Com carinho.


Cristina Siqueira

domingo, 22 de maio de 2011

Olá somos tatuianos-cristina siqueira entrevista Therezinha Phols




Professora Therezinha J. C. Phols nasceu em Tatuí, apaixonada pela cidade, é fundadora e administradora do grupo do Facebook “Olá Somos Tatuianos”. Formou-se em magistério na Escola “Fernão Dias Paes”, em Pinheiros, São Paulo. Estudiosa, sempre aprendeu através de leituras, é autodidata. Dona-de-casa, criou três filhos, dedicando-se às tarefas que o lar exige e que não são poucas.

Mãe do Marco Túlio Phols, de 39 anos, do Flávio Augusto Phols, 38 anos, e da Adriana Patrícia Phols, 33 anos. Therezinha é avó do Victor, de 13 anos, da Sofia, de 9 anos, da Ana Beatriz, de 8 anos, e do Arthur, de 4 anos.

Há 38 anos, Therezinha mudou-se de Tatuí para São Paulo, onde reside atualmente, mas continuou em contacto com os familiares e amigos aqui da cidade.

Os laços familiares sempre a trouxeram de volta a Tatuí.

Como surgiu a ideia de criar o grupo “Olá Somos Tatuianos”?

Eu tenho contato com quase 3.000 pessoas no Facebook, e mais ou menos 800 pessoas são de Tatuí. Então, pensei em abrir um grupo só para tatuianos, onde cada um conta a sua história, deixa seu recado. Tentei assim preservar a história da minha cidade e a nossa própria história.

Como você faz a seleção de temas e pessoas - o que pode e o que não pode?

Os temas são diversos, dou alguma sugestão e cada um posta o que sente. Às vezes, aparecem comparações com outras cidades. Como mediadora, eu excluo comentários políticos, religiosos, de futebol e palavrões.

Em “off”, dou uma advertência a quem não segue estas regras, e, se a pessoa persistir, posteriormente, eu deleto mesmo. O tema é Tatuí e tudo que envolve os tatuianos. Anúncios eu limitei para uma vez por semana - podem postar doações, blogs, trabalhos, notícias, trocas, eventos, agenda de bazares em prol de entidades filantrópicas.

Dizemos que o baiano é um sossego só, o paulista agitado, e por ai vai. E o tatuiano, como você define o tatuiano?

O tatuiano é um ser sossegado, alegre, acolhedor e solidário. É um povo de boa-fé, o que acarreta, por conta disso, perdas irreparáveis. É um povo até inocente.

Nascida em Tatuí, criada aqui, você vive há 38 anos em São Paulo. Qual é a sua visão daí para cá?

A felicidade é uma cidade pequenina. Tatuí é cheia de encantos e belezas naturais e próxima a São Paulo. Tatuí é a minha cidade, onde eu posso conversar na esquina com amigos, eu demoro mais de uma hora para atravessar a Praça da Matriz toda vez que eu vou ai, a passeio. Encontro conhecidos, amigos, e isto não existe em São Paulo e em lugar nenhum. É só na terra da gente que acontece isso.

O que te encanta em Tatuí?

Tudo me encanta.

Até as árvores, as flores das árvores, o céu azul estrelado, o pôr e o nascer do sol lá no alto da vila Brasil. Morei no edifício “Clóvis dos Santos”, no 15o andar, e, de lá, eu apreciava o mais lindo pôr-do-sol - a minha visão alcançava até quase Itapetininga. Adoro a comida, os doces e os sorvetes de Tatuí, que não existem em lugar nenhum do mundo.

Qual a época que deixou saudade?

A minha adolescência deixou saudade, junto aos meus irmãos, amigos, primos. Os bailes no Tatuiense, as serenatas e o Clube de Campo, quando tinha o lago e uma pequena piscina. Eu chamo de anos dourados.

Uma característica interessante do grupo “Olá Somos Tatuianos” é “não ter vínculos políticos, um espaço isento”. Então, lanço a pergunta a você e ao grupo. O que Tatuí precisa para se desenvolver, para girar e fazer acontecer? Tudo está bom? O que precisa melhorar?

Tatuí está bem, se desenvolvendo como toda cidade de interior, mas a situação hospitalar é periclitante. O trânsito de bicicletas e motociclistas está sem disciplina, é preciso atenção para conduzir esta questão de outra maneira e resolver o problema.

Cada cidade carrega em si um leque de peculiaridades. O que nos torna um “povo tatuiano”? O que é próprio da cultura “pé vermeio?

O sotaque do tatuiano é diferenciado. Há muitos anos, o “pé vermeio” era pejorativo, significava o pé sujo de barro vermelho de uma cidade que não era calçada. O que não entendo é Tatuí não ser referenciada no “Guia Quatro Rodas”, tendo em vista o número de habitantes e a importância do Conservatório, que é divisa para a cidade.

Nos últimos tempos, a cidade cresceu, principalmente na periferia, como anda acontecendo em cidades do interior do Estado, e, com este fenômeno, a cultura de raiz se perde, a memória se dissolve no ar. Percebo que o grupo se empolga e envia fotografias de várias épocas. Acredito que este material pode se tornar um acervo importante. Neste sentido, como você pensa em organizar este material? O que você precisa?

Este pequeno acervo já existe pela obra de Erasmo Peixoto, mas muitas pessoas postam fotos próprias, fotos atuais. Através do grupo, tenho reencontrado tatuianos da época da juventude. Foi o caso da Luisa Moreira, que é minha vizinha há dez anos em São Paulo e nunca nos cruzamos.

Quem é a There Phols? Qual o projeto que não te sai do pensamento? O que você gosta de fazer?

Eu sou uma mãe, avó de bem com a vida, muito feliz. Sou uma pessoa simples, alegre, otimista, gosto de música e leituras informativas.

Eu sempre tive em mente que lares autênticos não se improvisam. Este foi meu único projeto de vida, e deu certo.

Formei meus filhos, e me sinto orgulhosa de vê-los bem-sucedidos, todos Phd; - um assessor da presidência do TRT (Federal); o outro é assessor da vice-presidência do TRT (Federal), ambos juristas e concursados. Minha filha seguiu o campo da pesquisa científica. Os três são músicos formados, e foram alunos do maestro Antenor Buchala, esposo de Laila, que dava aulas em casa quando morávamos em Tatuí.

:-: Jogo Rápido :-:

Computador - Sabendo usar, o melhor meio de comunicação.

Praça da Matriz - O cartão postal da cidade.

Interesse por - Jesus Cristo e seu Evangelho.

Sobra tempo para - Eu faço sobrar tempo para viajar.

Bacana - Amar ao próximo como a si mesmo.

Do tempo de... - Agora é o melhor tempo da minha vida. Parece um milagre que eu cheguei até aqui. Cada dia de vida, para mim, é mágico.

Cine São Martinho - Meu primeiro beijo com o grande amor da minha vida, o pai de meus filhos, assistindo Romeu e Julieta.

Não gosto - Fofoca e hipocrisia.

Meus filhos e netos - Minha coroa e meu orgulho.


Uma mensagem

“O tempo é o senhor da razão.”

:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:

Therezinha,

Você é uma mulher singular, de espírito aberto, que experimentou as alegrias e durezas do trajeto da vida e agora está ai, fazendo acontecer Tatuí em uma rede social, sendo mãe dedicada e vovó feliz.

Com admiração.

Cristina Siqueira


sábado, 2 de abril de 2011

Adoráveis Senhorinhas

Dedico esta página a :

-Maria Negrão Peixoto. /

Dona Conceição Seba /

Professora Cleide Orsi /

Dona Nádia Nabhan Sallum

Puxo a cortina,espio através da vidraça que reflete inocência,amor,nostalgia.Um ramo de melindre adornando o bolo de festa ,simples mas feito em casa pelas minhas mãos.Bolo macio e leve assado em forma redonda,untada com manteiga.

O assoalho de tábuas largas e corridas encerado com cera Colmeina lustrado com escovão,a escada de madeira que conduzia aos quartos.Pé direito alto , a mesa posta sobre a toalha da Ilha da Madeira,louça inglesa de porcelana trifoliada,os frisos dourados.

Havia amor nos gestos, nos olhares correspondidos, nos rostos que se sondavam buscando sentimentos. Havia pai, mãe, avós e raios de luar que cruzavam o assoalho, as paredes, o sofá vermelho.

Apressados os anos se passaram. Meu tesouro sepulto. A infância; a adolescência.

Bato com saudade no coração da casa. Pálida é a paisagem ,opaca e desbotada pelo passar do tempo.

Para sempre e sempre escuto o badalar do sino da Igreja da Matriz que me trazia um sentimento de importância .Todas as noites subia pela rua Prudente um homem e seu cavalo riscando o paralelepípedo .Bem cedinho,ainda noite,passavam as moças da fábrica de tecelagem,os cabelos brancos de algodão em fiapos.Um caminhão descarregava mercadorias no Armazém do Elias Sallum.O guarda noturno apitava .

Minha mãe ,com seus olhos doces e brilhantes ,me cobria, abençoava e dizia:dorme com os anjos.Os aposentos escuros ,os sonhos claros .O afeto é o que aprendi a ver no olhar das pessoas.

Nas tardes ,pela janela eu olhava a vida e ia além daquela rua, além dos filmes que assistia na sessão das seis de domingo no Cine São Martinho.E me sentia Gigi,ouvia Moon River e jurava ser Audrey Hepburn com seu nome escrito em letra minúscula nas caixas de presente do filme Bonequinha de Luxo.Balas de café e coco .A bilheteira maquiada,o batom carmim,a pele empoada.Os vestidos de organdi com laço atrás esquecidos no guarda roupa.Vestia então blusa de banlon,sainha de tergal e sapatilhas Jezebel.Sutiã para menina-moça meia taça da Mourisco.Calcinhas de algodão.

O porão, meu porãozinho com suas paredes caiadas e o chão de cimento cru com vermelhão.

O quadro negro, giz branco, livros, cadernos; a mesa rústica forrada com papel mata borrão verde.

O espelho na penteadeira de moldura cor de ébano, o espelho para me ver de corpo inteiro; a luz mortiça do abajur de seda cor de rosa. O botão de pérola, o alfinete de brilhante. Leque, porta-jóias, frascos de perfume e sobre a cômoda os santos, todos os santos que nos conduziam em fé. Os casacos se repetiam pelo inverno agudo que gelava até os ossos. A suéter de caxemira azul.As paredes choravam umidade.

Frutas vermelhas na cesta, a penca de bananas maçã, vovó me ensinava a escolher os ovos pelo tamanho, pés de chicória, abobora de doce, os queijos, azeite extra virgem folhas de louro, vinho do Porto. O mercado, a carroça de leite à porta. Palmas, sinetas, pregão de rua. Casais que desciam a rua lado a lado.Pessoas simples descendo para o mercado.O armazém de meu pai na esquina ,o quintal enorme ,em que eu sem saber descobria a possível brincadeira de ser feliz sozinha.

Tudo significava os nomes das lojas, das ruas e praças, as casas e seus donos .As crianças obedientes de olhar atento não se atrasavam para o almoço e jantar. Os sapatos eram limpos no capacho à entrada das casas.

Domingo após domingo o guaraná caçulinha para acompanhar a macarronada feita com molho de tomates frescos uma pitada de açúcar e horas de cozimento.A voz de vovó que dizia:-venha almoçar que esfria,lave as mãos antes.A fritada de palmito natural com salsinha,a maionese feita em casa,o frango de sítio com molho curto de ervilhas frescas.

As palavras fiam este passado composto de fragmentos que referenciam meu universo particular. São gestos, palavras, olhar de todos que me fizeram existir assim como sou.

As amigas de mamãe, os sisudos senhores que jogavam xadrez com meu pai, as vizinhas, as vendedoras das lojas, minhas amadas professoras. E me lembro das vozes, do jeito amável com que estas pessoas se dedicavam umas as outras.As imagens são um borrão sépia que se estende pela rua Prudente e adentra as casas e corações que permanecem vivos e pulsam .Vejo Maria e seus quatro filhos Erasmo,Marcelo,Guiga e Cássia dobrando a esquina, vejo Maria dirigindo a Kombi alemã ,fazendo compras na Elzi Vanni ,indo prosear lá em casa me ensinado a decorar o bolo de noivado, falando da moda de São Paulo das camisolinhas de flores com que Donata vestia Donatinha.Escuto a voz de Nádia chamando Eliana e Eliazinho, depois contando de suas viagens ,sempre elegante,falando filhos e netos e depois pranteando o neto jovem que não voltou do passeio à Bonito, e ela inconsolável.Com doçura me toco com o estilo manso e a segurança de Dona Cleide ensinando psicologia e prática no curso normal.E que alegria o sorriso perene de Dona Conceição mãe da Sheila e da Soraya .

É esta a minha bagagem.

Quando me ajoelho,quando mergulho neste infinito antigo que me sustenta a alma abraço pessoas amadas,àquelas que partiram e que pelo amor voltarei a ver em retalhos encolhidos, escondidos nas cavidades vermelhas do meu coração. E me importo com os detalhes desta época que nos fazia especiais-E o que ser senão os detalhes?-a agradável sutileza dos detalhes. A diferença se faz dos detalhes.

Mas escutem!Por favor, escutem!

Quero dizer que deixo as palavras caírem sobre a folha do caderno feito chuva fina para aguar as flores que permanecem calmas ,brilhantes sobre a terra fofa,as pétalas coriscando cores ar a dentro.Flores-mulheres que me ensinaram nuances,tons,aromas.Mulheres com fervor e dignidade de cumprir o rito da existência como mulheres que amaram,riram,choraram,educaram filhos,assumiram suas vidas com trabalho árduo e dedicação as suas famílias.

Lá fora os pingos grossos batem na vidraça de outras janelas maiores ,outra rua, outra casa ,outro tempo.

E assim seguem as histórias e os mergulhos nesta água do sentir de inúmeros reflexos.