terça-feira, 5 de junho de 2012
Tatuí,minhas raízes
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Brasil é gesto
terça-feira, 31 de maio de 2011
Cristina Siqueira entrevista Talita de Oliveira Diniz Moura
Talita de Oliveira Diniz Moura, de família tatuiana, filha de Ivan Diniz de Moura e Izildinha de Oliveira Moura, irmã do Samuel, de 20 anos.
Formada na Etec “Salles Gomes”, de Tatuí, em mecatrônica. Na sequência, especializou-se em informática, dedicando-se a cursos referentes à área.
Em 2005, dedicou-se ao ensino de informática, sendo voluntária na Casa de Ações Sociais da Unimed. Depois, profissionalizou-se e passou a lecionar em escola de informática.
Hoje, voltou a estudar, e faz química na Etec “Salles”. Ao mesmo tempo, é “personal computer”, atendendo com didática própria a alunos em suas próprias casas.
Como formada e novamente estudante da Etec, qual é a sua visão do curso e da situação dos professores?
Gosto da Etec, tanto que aí fiz minha primeira formação e, agora, faço a segunda. Sendo moradora de Tatuí, é muito bom podermos estudar aqui.
Sinto prazer em frequentar esta escola que oferece bom ambiente, funcionários e professores que conduzem com dedicação os estudos. Os cursos são valorizados, têm nome. É uma escola de tradição.
Existe campo de trabalho na região?
Sim, principalmente na área de química. E nos demais cursos, acredito que também, pois os cursos são abertos de acordo com a demanda do mercado.
Como você sente a situação dos professores hoje em greve?
Na verdade, eu sinto uma tristeza porque nossos professores gostam do que fazem, trabalham com amor. Este movimento é justo, pois existe empenho em ensinar. O professor não é apenas um número. Tenho professores que acumulam jornada de trabalho, residem em outra cidade e ainda dedicam-se a tese e mestrado.
A propaganda da estrutura da escola é amplamente divulgada, principalmente como alavanca política. Porém, uma escola está além das paredes, e o professor deve ser tratado com respeito à sua dignidade, e bem pago pelo serviço prestado.
A situação não está focada em pontos isolados, o que ocorre é um descaso ao professor de Norte a Sul do país.
Existe uma inversão de valores: um país que ocupa no mundo o 8o lugar em futebol e o 87º em educação.
E material?
Em química, fazemos experiências e prática de laboratório, e chega a faltar materiais, até os mais simples, como uma caixinha de maizena. Os professores acodem estas faltas com dinheiro do próprio bolso.
Como é a sua rotina diária?
Na verdade, meu dia começa às 7h; fico no “Salles Gomes” até 11h15. Em casa, no horário de almoço, eu contribuo com a família, assistindo à minha avó Hermínia. Temos uma pequena fábrica de sorvetes artesanais e nos revezamos para gerir o negócio. Então, quando não estou cuidando de minha avó, estou trabalhando com sorvetes.
Nas tardes, eu dou de duas a três aulas de computação na casa de alunos.
Durante a semana, em quatro noites, sábado e domingo, cumpro responsabilidade na igreja que frequento.
Como é a sua religiosidade?
Sou de uma família evangélica da Igreja Universal do Reino de Deus. Eu procuro trazer Deus para todas as coisas da minha vida. Primeiro Deus, depois a Obra de Deus e, daí, a família.
Eu vejo a igreja como um hospital, e nós estamos ali para ajudar as pessoas de todas as formas. Para mim, a responsabilidade é de levar as pessoas até Jesus. Na minha vida, o meu alicerce é baseado na minha fé e na comunhão que eu tenho com Deus.
Sou um instrumento na mão de Deus, obedeço a Deus, minha condição é a de servo. Eu não escolho, escuto a voz de Deus falando dentro de mim.
Na verdade, o que faço é o mínimo se observarmos a vida de Jesus.
Paralelo à minha atuação na igreja, eu me dedico à Escolinha Bíblica Infantil. Este trabalho é de formação espiritual, onde se ensinam orações, histórias bíblicas. As crianças aprendem a agir a fé.
O meu trabalho na obra de Deus e dos demais evangélicos da Igreja Universal é voluntário. Trabalhamos por amor, por acreditar.
Tem uma frase: “Quem pensa no próximo, pensa como Deus”.
E o futuro?
Eu idealizo como vou estar daqui a cinco anos, por exemplo. Existe uma perspectiva, mas eu vivo o hoje e, para o futuro, confio em Deus. O mundo está tão louco, é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, que é só confiando o futuro nas mãos de Deus.
E ser jovem?
Te proporciona muitas coisas. Os jovens têm dificuldade de lidar com os próprios problemas, eles se deixam levar pela ilusão do mundo e enveredam por caminhos tortuosos.
Eu não sigo a onda que leva o pessoal, mas os jovens se organizam por interesses comuns, alguns se reúnem para beber, e por aí vai. Ser jovem, hoje e sempre, é fazer a cabeça com escolhas acertadas ou não. Eu me norteio por Deus, e sou jovem e feliz, embora, claro, os problemas existem.
:-: Jogo Rápido :-:
Delete - O que eu escuto e que não vai acrescentar nada à minha vida.
Pause - Não dá para enquadrar agora.
Caps lock – Deus - colocaria em caps lock para que todo mundo acordasse.
F5 - Para atualizar as coisas boas no mundo.
Uma mensagem
“Tudo que não é eterno, é eternamente inútil.”
C. S. Lewis
:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:
Oi, Tally
Em minhas orações, sempre peço a Deus e aos anjos que enviem bons aliados para compartilhar a vida comigo. Tenho sorte em tê-la como amiga.
Admiro seu propósito de servir à Obra de Deus, seu interesse em “reinventar” o mundo, sua preocupação com a escola, os professores, sua dedicação à família.
Tally, você vale à pena e faz a diferença neste mundo em que se precisa de Deus.
Com carinho.
Cristina Siqueira
domingo, 22 de maio de 2011
Olá somos tatuianos-cristina siqueira entrevista Therezinha Phols
Professora Therezinha J. C. Phols nasceu em Tatuí, apaixonada pela cidade, é fundadora e administradora do grupo do Facebook “Olá Somos Tatuianos”. Formou-se em magistério na Escola “Fernão Dias Paes”, em Pinheiros, São Paulo. Estudiosa, sempre aprendeu através de leituras, é autodidata. Dona-de-casa, criou três filhos, dedicando-se às tarefas que o lar exige e que não são poucas.
Mãe do Marco Túlio Phols, de 39 anos, do Flávio Augusto Phols, 38 anos, e da Adriana Patrícia Phols, 33 anos. Therezinha é avó do Victor, de 13 anos, da Sofia, de 9 anos, da Ana Beatriz, de 8 anos, e do Arthur, de 4 anos.
Há 38 anos, Therezinha mudou-se de Tatuí para São Paulo, onde reside atualmente, mas continuou em contacto com os familiares e amigos aqui da cidade.
Os laços familiares sempre a trouxeram de volta a Tatuí.
Como surgiu a ideia de criar o grupo “Olá Somos Tatuianos”?
Eu tenho contato com quase 3.000 pessoas no Facebook, e mais ou menos 800 pessoas são de Tatuí. Então, pensei em abrir um grupo só para tatuianos, onde cada um conta a sua história, deixa seu recado. Tentei assim preservar a história da minha cidade e a nossa própria história.
Como você faz a seleção de temas e pessoas - o que pode e o que não pode?
Os temas são diversos, dou alguma sugestão e cada um posta o que sente. Às vezes, aparecem comparações com outras cidades. Como mediadora, eu excluo comentários políticos, religiosos, de futebol e palavrões.
Em “off”, dou uma advertência a quem não segue estas regras, e, se a pessoa persistir, posteriormente, eu deleto mesmo. O tema é Tatuí e tudo que envolve os tatuianos. Anúncios eu limitei para uma vez por semana - podem postar doações, blogs, trabalhos, notícias, trocas, eventos, agenda de bazares em prol de entidades filantrópicas.
Dizemos que o baiano é um sossego só, o paulista agitado, e por ai vai. E o tatuiano, como você define o tatuiano?
O tatuiano é um ser sossegado, alegre, acolhedor e solidário. É um povo de boa-fé, o que acarreta, por conta disso, perdas irreparáveis. É um povo até inocente.
Nascida em Tatuí, criada aqui, você vive há 38 anos em São Paulo. Qual é a sua visão daí para cá?
A felicidade é uma cidade pequenina. Tatuí é cheia de encantos e belezas naturais e próxima a São Paulo. Tatuí é a minha cidade, onde eu posso conversar na esquina com amigos, eu demoro mais de uma hora para atravessar a Praça da Matriz toda vez que eu vou ai, a passeio. Encontro conhecidos, amigos, e isto não existe em São Paulo e em lugar nenhum. É só na terra da gente que acontece isso.
O que te encanta em Tatuí?
Tudo me encanta.
Até as árvores, as flores das árvores, o céu azul estrelado, o pôr e o nascer do sol lá no alto da vila Brasil. Morei no edifício “Clóvis dos Santos”, no 15o andar, e, de lá, eu apreciava o mais lindo pôr-do-sol - a minha visão alcançava até quase Itapetininga. Adoro a comida, os doces e os sorvetes de Tatuí, que não existem em lugar nenhum do mundo.
Qual a época que deixou saudade?
A minha adolescência deixou saudade, junto aos meus irmãos, amigos, primos. Os bailes no Tatuiense, as serenatas e o Clube de Campo, quando tinha o lago e uma pequena piscina. Eu chamo de anos dourados.
Uma característica interessante do grupo “Olá Somos Tatuianos” é “não ter vínculos políticos, um espaço isento”. Então, lanço a pergunta a você e ao grupo. O que Tatuí precisa para se desenvolver, para girar e fazer acontecer? Tudo está bom? O que precisa melhorar?
Tatuí está bem, se desenvolvendo como toda cidade de interior, mas a situação hospitalar é periclitante. O trânsito de bicicletas e motociclistas está sem disciplina, é preciso atenção para conduzir esta questão de outra maneira e resolver o problema.
Cada cidade carrega em si um leque de peculiaridades. O que nos torna um “povo tatuiano”? O que é próprio da cultura “pé vermeio?
O sotaque do tatuiano é diferenciado. Há muitos anos, o “pé vermeio” era pejorativo, significava o pé sujo de barro vermelho de uma cidade que não era calçada. O que não entendo é Tatuí não ser referenciada no “Guia Quatro Rodas”, tendo em vista o número de habitantes e a importância do Conservatório, que é divisa para a cidade.
Nos últimos tempos, a cidade cresceu, principalmente na periferia, como anda acontecendo em cidades do interior do Estado, e, com este fenômeno, a cultura de raiz se perde, a memória se dissolve no ar. Percebo que o grupo se empolga e envia fotografias de várias épocas. Acredito que este material pode se tornar um acervo importante. Neste sentido, como você pensa em organizar este material? O que você precisa?
Este pequeno acervo já existe pela obra de Erasmo Peixoto, mas muitas pessoas postam fotos próprias, fotos atuais. Através do grupo, tenho reencontrado tatuianos da época da juventude. Foi o caso da Luisa Moreira, que é minha vizinha há dez anos em São Paulo e nunca nos cruzamos.
Quem é a There Phols? Qual o projeto que não te sai do pensamento? O que você gosta de fazer?
Eu sou uma mãe, avó de bem com a vida, muito feliz. Sou uma pessoa simples, alegre, otimista, gosto de música e leituras informativas.
Eu sempre tive em mente que lares autênticos não se improvisam. Este foi meu único projeto de vida, e deu certo.
Formei meus filhos, e me sinto orgulhosa de vê-los bem-sucedidos, todos Phd; - um assessor da presidência do TRT (Federal); o outro é assessor da vice-presidência do TRT (Federal), ambos juristas e concursados. Minha filha seguiu o campo da pesquisa científica. Os três são músicos formados, e foram alunos do maestro Antenor Buchala, esposo de Laila, que dava aulas em casa quando morávamos em Tatuí.
:-: Jogo Rápido :-:
Computador - Sabendo usar, o melhor meio de comunicação.
Praça da Matriz - O cartão postal da cidade.
Interesse por - Jesus Cristo e seu Evangelho.
Sobra tempo para - Eu faço sobrar tempo para viajar.
Bacana - Amar ao próximo como a si mesmo.
Do tempo de... - Agora é o melhor tempo da minha vida. Parece um milagre que eu cheguei até aqui. Cada dia de vida, para mim, é mágico.
Cine São Martinho - Meu primeiro beijo com o grande amor da minha vida, o pai de meus filhos, assistindo Romeu e Julieta.
Não gosto - Fofoca e hipocrisia.
Meus filhos e netos - Minha coroa e meu orgulho.
Uma mensagem
“O tempo é o senhor da razão.”
:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:-:
Therezinha,
Você é uma mulher singular, de espírito aberto, que experimentou as alegrias e durezas do trajeto da vida e agora está ai, fazendo acontecer Tatuí em uma rede social, sendo mãe dedicada e vovó feliz.
Com admiração.
Cristina Siqueira
sábado, 2 de abril de 2011
Adoráveis Senhorinhas
Dedico esta página a :
-Maria Negrão Peixoto. /
Dona Conceição Seba /
Professora Cleide Orsi /
Dona Nádia Nabhan Sallum
Puxo a cortina,espio através da vidraça que reflete inocência,amor,nostalgia.Um ramo de melindre adornando o bolo de festa ,simples mas feito em casa pelas minhas mãos.Bolo macio e leve assado em forma redonda,untada com manteiga.
O assoalho de tábuas largas e corridas encerado com cera Colmeina lustrado com escovão,a escada de madeira que conduzia aos quartos.Pé direito alto , a mesa posta sobre a toalha da Ilha da Madeira,louça inglesa de porcelana trifoliada,os frisos dourados.
Havia amor nos gestos, nos olhares correspondidos, nos rostos que se sondavam buscando sentimentos. Havia pai, mãe, avós e raios de luar que cruzavam o assoalho, as paredes, o sofá vermelho.
Apressados os anos se passaram. Meu tesouro sepulto. A infância; a adolescência.
Bato com saudade no coração da casa. Pálida é a paisagem ,opaca e desbotada pelo passar do tempo.
Para sempre e sempre escuto o badalar do sino da Igreja da Matriz que me trazia um sentimento de importância .Todas as noites subia pela rua Prudente um homem e seu cavalo riscando o paralelepípedo .Bem cedinho,ainda noite,passavam as moças da fábrica de tecelagem,os cabelos brancos de algodão em fiapos.Um caminhão descarregava mercadorias no Armazém do Elias Sallum.O guarda noturno apitava .
Minha mãe ,com seus olhos doces e brilhantes ,me cobria, abençoava e dizia:dorme com os anjos.Os aposentos escuros ,os sonhos claros .O afeto é o que aprendi a ver no olhar das pessoas.
Nas tardes ,pela janela eu olhava a vida e ia além daquela rua, além dos filmes que assistia na sessão das seis de domingo no Cine São Martinho.E me sentia Gigi,ouvia Moon River e jurava ser Audrey Hepburn com seu nome escrito em letra minúscula nas caixas de presente do filme Bonequinha de Luxo.Balas de café e coco .A bilheteira maquiada,o batom carmim,a pele empoada.Os vestidos de organdi com laço atrás esquecidos no guarda roupa.Vestia então blusa de banlon,sainha de tergal e sapatilhas Jezebel.Sutiã para menina-moça meia taça da Mourisco.Calcinhas de algodão.
O porão, meu porãozinho com suas paredes caiadas e o chão de cimento cru com vermelhão.
O quadro negro, giz branco, livros, cadernos; a mesa rústica forrada com papel mata borrão verde.
O espelho na penteadeira de moldura cor de ébano, o espelho para me ver de corpo inteiro; a luz mortiça do abajur de seda cor de rosa. O botão de pérola, o alfinete de brilhante. Leque, porta-jóias, frascos de perfume e sobre a cômoda os santos, todos os santos que nos conduziam em fé. Os casacos se repetiam pelo inverno agudo que gelava até os ossos. A suéter de caxemira azul.As paredes choravam umidade.
Frutas vermelhas na cesta, a penca de bananas maçã, vovó me ensinava a escolher os ovos pelo tamanho, pés de chicória, abobora de doce, os queijos, azeite extra virgem folhas de louro, vinho do Porto. O mercado, a carroça de leite à porta. Palmas, sinetas, pregão de rua. Casais que desciam a rua lado a lado.Pessoas simples descendo para o mercado.O armazém de meu pai na esquina ,o quintal enorme ,em que eu sem saber descobria a possível brincadeira de ser feliz sozinha.
Tudo significava os nomes das lojas, das ruas e praças, as casas e seus donos .As crianças obedientes de olhar atento não se atrasavam para o almoço e jantar. Os sapatos eram limpos no capacho à entrada das casas.
Domingo após domingo o guaraná caçulinha para acompanhar a macarronada feita com molho de tomates frescos uma pitada de açúcar e horas de cozimento.A voz de vovó que dizia:-venha almoçar que esfria,lave as mãos antes.A fritada de palmito natural com salsinha,a maionese feita em casa,o frango de sítio com molho curto de ervilhas frescas.
As palavras fiam este passado composto de fragmentos que referenciam meu universo particular. São gestos, palavras, olhar de todos que me fizeram existir assim como sou.
As amigas de mamãe, os sisudos senhores que jogavam xadrez com meu pai, as vizinhas, as vendedoras das lojas, minhas amadas professoras. E me lembro das vozes, do jeito amável com que estas pessoas se dedicavam umas as outras.As imagens são um borrão sépia que se estende pela rua Prudente e adentra as casas e corações que permanecem vivos e pulsam .Vejo Maria e seus quatro filhos Erasmo,Marcelo,Guiga e Cássia dobrando a esquina, vejo Maria dirigindo a Kombi alemã ,fazendo compras na Elzi Vanni ,indo prosear lá em casa me ensinado a decorar o bolo de noivado, falando da moda de São Paulo das camisolinhas de flores com que Donata vestia Donatinha.Escuto a voz de Nádia chamando Eliana e Eliazinho, depois contando de suas viagens ,sempre elegante,falando filhos e netos e depois pranteando o neto jovem que não voltou do passeio à Bonito, e ela inconsolável.Com doçura me toco com o estilo manso e a segurança de Dona Cleide ensinando psicologia e prática no curso normal.E que alegria o sorriso perene de Dona Conceição mãe da Sheila e da Soraya .
É esta a minha bagagem.
Quando me ajoelho,quando mergulho neste infinito antigo que me sustenta a alma abraço pessoas amadas,àquelas que partiram e que pelo amor voltarei a ver em retalhos encolhidos, escondidos nas cavidades vermelhas do meu coração. E me importo com os detalhes desta época que nos fazia especiais-E o que ser senão os detalhes?-a agradável sutileza dos detalhes. A diferença se faz dos detalhes.
Mas escutem!Por favor, escutem!
Quero dizer que deixo as palavras caírem sobre a folha do caderno feito chuva fina para aguar as flores que permanecem calmas ,brilhantes sobre a terra fofa,as pétalas coriscando cores ar a dentro.Flores-mulheres que me ensinaram nuances,tons,aromas.Mulheres com fervor e dignidade de cumprir o rito da existência como mulheres que amaram,riram,choraram,educaram filhos,assumiram suas vidas com trabalho árduo e dedicação as suas famílias.
Lá fora os pingos grossos batem na vidraça de outras janelas maiores ,outra rua, outra casa ,outro tempo.
E assim seguem as histórias e os mergulhos nesta água do sentir de inúmeros reflexos.